Aos poucos e ainda sem vitórias, Vanderlei Luxemburgo começa a superar a desconfiança de alguns torcedores em torno de seu nome para colher frutos a médio e longo prazo no Corinthians.
O primeiro ato se deu muito antes do empate por 1 a 1com o Fortaleza. Procurado numa segunda-feira pela manhã para assinar contrato, à tarde já estava no CT para dar treino e no dia seguinte à frente do banco de reservas pela Conmebol Libertadores. Corajoso para "segurar o rojão".
Há três dias, no segundo ato, em protesto das torcidas organizadas na porta do CT Joaquim Grava, o treinador saiu, com o apito pendurado no peito, para conversar com os líderes e "ganhou" dez jogos de trégua para seus jogadores.
Ali, fazia exatamente o que a diretoria espera dele: chamar a responsabilidade com traquejo. Dificilmente, treinadores com menos rodagem no futebol encarariam de peito aberto um protesto dessa forma. Teriam menos ainda currículo suficiente para chamar tamanha responsabilidade.
A atitude caiu bem não só com os torcedores ali presentes, mas com a direção e elenco, que se sentiram respaldados por alguém capaz de absorver a pressão.
O terceiro ato aconteceu antes da partida contra o Fortaleza, quando Luxemburgo passou um recado a todo o elenco ao barrar Du Queiroz. O volante já está negociado com o Zenit, da Rússia, e vai se apresentar ao novo time em 1º de junho. Por isso, não vestirá mais a camisa do Corinthians.
Na entrevista coletiva após o duelo, Luxa disse que jogará quem está com a cabeça no clube e não quis se manifestar sobre jogadores não relacionados como o recém-chegado Chrystian Barletta.
– Optei por outros jogadores, não vou falar dos que não foram relacionados. Du Queiroz não é mais jogador nosso. Se ele se machucar, vai me chamar de irresponsável. Vão me criticar. Ele vai cuidar da vida, não está mais com a cabeça aqui. Quero falar dos que estão aqui – ponderou Luxemburgo.
Os dois atos seguintes dizem respeito à escalação. Primeiro, apostou nos garotos da base para formar um time mais jovem do que os recentes, com Pedro e Matheus Araújo do meio para frente. Guilherme Biro ainda entraria na partida. Usá-los será fundamental na temporada.
Por fim, o quinto ato: colocou Yuri Alberto no banco de reservas no intuito de preservá-lo da pressão que vinha sofrendo por não marcar há dois meses, mas, também, inegavelmente para dar um "chacoalhão" no centroavante. Funcionou.
Yuri deu presença de área ao Corinthians e aproveitou boa jogada de Róger Guedes para marcar o gol de empate e acabar com o jejum. Barrar jogadores que precisam ser barrados foi outro dos motivos da diretoria para contratar Vanderlei Luxemburgo.
O Timão volta a campo na quinta-feira, contra o Botafogo, no Engenhão, no Rio de Janeiro.