O Fluminense que empatou em3 a 3com o Corinthians noMaracanã gerou na noite da última quinta-feira a mesma quantidade de tensão e esperança na torcida tricolor. Em dois tempos distintos, e quase opostos, o time de Fernando Diniz conseguiu mostrar graves erros defensivos por causa de duas raras falhas técnicas de um talentoso Marcelo e também um poder de fogo quase único no futebol brasileiro - também tendo o camisa 12 como peça importante.
A questão que fica para o torcedor é: qual o Fluminense que vai a campo na próxima vez que clube e torcida se encontrarem no Maracanã? Às 17h (de Brasília) do dia 4 de novembro, contra o Boca Juniors, pela final da Conmebol Libertadores, os jogadores não podem nem sonhar em cometer os mesmos erros que resultaram nos três gols do Corinthians. E não foram quatro porque Yuri Alberto não aproveitou um presente de Cano.
Presente esse que saiu em uma tentativa de virada de jogo por parte do atacante argentino, que estava na própria área para ajudar na saída de bola. As inversões de um lado para o outro foram recorrentes no time tricolor na noite passada no Maracanã. De certa forma, foi algo que o time teve que sofrer na própria carne primeiro para depois passar a praticar.
Foi o que aconteceu no primeiro gol do Corinthians. Marcelo errou um passe que tentou dar de primeira com a parte externa do pé direito e a bola ficou com os paulistas no lado direito do campo de defesa deles. Com dois passes o time de Mano Menezes já havia levado a bola para o lado esquerdo e Maycon encontrou um latifúndio para avançar até aproveitar o cerco de Marlon - que deveria realmente fazer isso - que gerou espaço nas costas para ele enfiar para Yuri Alberto dar um belo toque.
Esse estilo de ataque adversário é sabido pelo time do Fluminense, tanto que Ganso já comentou sobre isso quando participou do "Boleiragem", em julho deste ano. Isso logo com 10 minutos de jogo, o que ajudou o Corinthians a condicionar a partida ao que queria.
Mas o Fluminense chegou ao empate com a virada de jogo. Com o time concentrado no lado direito, e a marcação corintiana também, André aproveitou para inverter o local da bola e abriu na esquerda. A jogada seguiu e contou com belo lançamento de Marcelo para Keno. O atacante, dos mais participativos no jogo muito pela ausência sentida de Arias, invadiu a área e a bola sobrou para Lima marcar belo gol.
Cinco minutos depois do gol tricolor, novo revés, com outro erro técnico de Marcelo, que tentou recuar a bola para Fábio e tocou fraco. Ali, a torcida ensaiou vaias para o lateral-esquerdo, que realmente não estava bem, mas as críticas tanto pareciam exageradas que outra parte dos tricolores quis compensar aplaudindo o camisa 12.
O Fluminense ainda sofreu o terceiro gol em um pênalti duvidoso cometido por Marlon, o qual Diniz classificou como absurdo de ser marcado. Sem entrar no mérito, fato é que o Flu desceu para os vestiários no intervalo com uma derrota em casa por 3 a 1 para um time que teve apenas quatro chances.
Os vacilos defensivos custaram caro e poderiam ter sido ainda piores não fosse a reação que o time conseguiu mostrar. É aí que o interruptor do torcedor tricolor vai da apreensão para a esperança. Arias entra no time no lugar de Felipe Melo, André vai para a zaga e o time muda como do verde para o grená.
No segundo tempo, o Fluminense apresentou um futebol ofensivo e que ameaçou o Corinthians muitas vezes. Foram 18 finalizações só na etapa final, contra apenas uma dos visitantes que voltaram do intervalo torcendo para que Paulo César Zanovelli encerrasse o jogo o quanto antes. No fim das contas, o Flu finalizou 26 vezes, contra seis do adversário. Se tivesse a mesma eficiência que os paulistas, o time de Fernando Diniz teria vencido por 13 a 3.
Mas, como dizia minha professora de história no Ensino Médio: "O 'se' histórico não existe". A conjunção que existe da palavra indica que se o Fluminense repetir a atuação do primeiro tempo na final de 4 de novembro, com erros surpreendentes, pode não ter a mesma chance de atuar no segundo tempo sufocando o adversário como foi pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Isso porque a tendência é que o Boca Juniors também tentará amarrar o jogo, puxar a arbitragem para o lado e tensionar torcedores e jogadores tricolores. Os nervos não podem estar tão acirrados quanto foi diante do Corinthians. O Fluminense precisa ter a cabeça no lugar para não colocar tudo a perder por causa de erros de arbitragem.
Faltam 15 dias para o jogo mais importante dos últimos 15 anos do Fluminense - e talvez da história do clube. Tempo que serve para o time aprender com os erros do primeiro tempo, esquecer o que aconteceu é varrer para debaixo do tapete, e manter o volume, pegada e intensidade do segundo e canalizar isso para 4 de novembro de 2023.
Por mais que o foco seja quase que integral na final da Conmebol Libertadores, o time não pode deixar o G-6 se desgarrar, visto que a vaga ainda não está garantida. Com um ponto nos últimos três jogos, o Fluminense é o oitavo colocado, com 42, a dois do quarto e sexto colocados. O time volta a campo no domingo, quando enfrenta o Red Bull Bragantino, vice-líder do Brasileirão, às 18h30 (de Brasília), pela 28ª rodada da competição, no Nabi Abi Chedid.