Antes do Fla-Flu de ontem, a principal notícia repetida, à exaustão, pela imprensa do Rio de Janeiro era a crise de relacionamentos no Flamengo.
Foi apresentada a versão de que o time estava "rachado".
De um lado, amparado pela diretoria, Gabigol.
Do outro, David Luiz.
Esse seria um dos motivos pelos quais o time de Jorge Sampaoli não conseguia estabilidade.
Faltaria união entre os jogadores.
Depois da excelente partida do Flamengo, em que venceu o grande rival, por 2 a 0 e garantiu a classificação para as quartas de final, já que o primeiro jogo terminou em 0 a 0, Gabigol não se fez de rogado.
E no microfone do repórter Eric Faria, da TV Globo, talvez o principal veículo que propagou a "notícia", o atacante deu a sua apimentada versão dos fatos.
Gabigol: Não concordo [que chegou o momento de virada de chave]. Acho que o trabalho tem que ser feito desde os treinos, desde o momento em que a gente entra no Ninho, e é isso que é feito. A gente sabe que tem muita gente que fala um monte de mer... desculpa o palavreado.
Você falou também sobre as coisas que saíram.
Acho que vocês da imprensa criam umas coisas com a torcida, a torcida vem para o Maracanã com um pouco de dúvida, de má intenção com os jogadores, e isso nunca aconteceu aqui no clube desde a época do Diego, do Arão.
Eric Faria: No momento não tem nenhum problema de relacionamento entre vocês?
Gabigol: Tem problema da gente com vocês da imprensa. Vocês criam coisas na cabeça do torcedor, aí começa a criar um clima ruim para dentro do clube que os verdadeiros flamenguistas não podem acreditar. O Flamengo é o nosso amor, a gente joga pelo Flamengo, estamos todos os dias lá para correr pelo clube. O Flamengo não é Big Brother. O Big Brother é aquele negócio de câmeras, de fofoquinhas. O Flamengo não é isso, é time grande, o maior do Brasil, onde tem jogadores de futebol atrás do sonho próprio e do clube.
Eric Faria: E por que os resultados não estavam acontecendo?
Gabigol: Os resultados estavam acontecendo. Só que não é pão, né? Você coloca pão e os resultados vêm na hora. O Sampaoli tem a característica do Flamengo, o DNA do Flamengo. E parece que ele está aqui há cinco, seis anos. Não. Ele está aqui há 40 dias. E na minha opinião é pouco.
O Abel está há três anos. O Diniz está há um ano, e olha o time deles. E não é porque eles perderam que o Diniz tem de ir embora. Tem de haver cobrança, mas cobranças justas. Não porque "tem briguinha", "não corre" .
Aqui não é Big Brother.
É Flamengo.
A entrevista de Gabigol repercutiu muito ainda na noite de ontem.
E ele ganhou o apoio dos jogadores.
Everton Ribeiro resumiu o sentimento do grupo de atletas.
"Ouvi o que o Gabi falou. Acredito que foi muito bem. Tem coisas que são fomentadas de fora para dentro que não são verdade, e a gente tem que ficar vindo aqui para explicar. Mas só com a vitória que a gente pode falar, né? Se a gente perde e fala, não repercute e acham que a gente está dando desculpa. Mas não!
"A gente faz nosso trabalho dentro de campo, e o que vem de fora para dentro não pode nos atingir e não nos atinge.
"Mas a gente tem que passar o que é a verdade. Independente do que se fala, a gente dá a vida um pelo outro e pelo Flamengo, que é o mais importante."
A comemoração do time após a vitória de ontem foi real.
E mostrou muita união...