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Esfacelado, Flamengo volta a levar olé em novo vexame marcado por apatia

Time cria apenas uma oportunidade clara dentro da área e é dominado por equipe que está na Quarta Divisão do futebol nacional
Foto: GE RIOEsfacelado, Flamengo volta a levar olé em novo vexame marcado por apatia
Esfacelado, Flamengo volta a levar olé em novo vexame marcado por apatia

Marcada na história como uma das páginas mais bonitas da história do Flamengo pelos títulos colecionados de 2019 a 2022, a atual geração precisa reagir para evitar manchas num período de prosperidade que parecia ininterrupto. Apagar os momentos de glória é impossível, até porque foram muitos, mas arranhões têm se tornado constantes num ano em que o time coleciona vexames.

Na derrota por2 a 0 para o Maringá, nesta quinta, no Paraná, a apatia tomou conta dos jogadores. O comportamento passivo tem sido marca dos vexames na atual temporada. Foi assim contraAl Hilal e Fluminense, por exemplo. Vítor Pereira obviamente é culpado pelo declínio técnico e tático da equipe, mas a questão comportamental não passa por ele.

No Estádio Willie Davids, o Flamengo aceitou ser dominado do início ao fim por um time que, apesar de ajustadinho no jogo desta quinta, é muito inferior. Não à toa integra a Série D do futebol nacional. E mais: foi colocado na roda mais uma vez num intervalo de quatro dias. Claro que não foi envolvido como na derrota humilhante para o Fluminense, mas viveu momentos em que os atletas do Maringá trocaram passes no meio-campo sem serem incomodados, especialmente no segundo tempo.

E tal domínio do modesto adversário aconteceu mesmo diante da esperada mudança de esquema. O Flamengo voltou a utilizar dois zagueiros e levou a campo o que de melhor Mário Jorge tinha à disposição. Apesar de ter tentado levar conforto aos atletas, não tinha como impedir atuações individuais ruins e um comportamento quase que coletivo de apatia.

O 4-4-2 trouxe novas dinâmicas, e Gabigol voltou a ficar mais próximo da meta adversário. Mário Jorge o levou para perto de Pedro, que por muitas vezes caiu pela esquerda e saiu bastante da área. Resultado: Gabi, após algumas partidas, voltou a ser o maior finalizar do time. Pedro, por sua vez, só teve uma finalização.

Apesar de ter povoado mais o meio em relação ao que Vítor Pereira fazia, Mário não conseguiu desfazer o buraco que tem sido o setor. Com pouca cooperação dos homens de frente na recomposição, o Flamengo acabou vazado em duas jogadas pelos lados.

No primeiro tempo, o gol contra de David Luiz foi construído numa jogada em que Varela está perdido. Desloca-se para o meio a fim de dar combate e deixa um espaço enorme para Raphinha cruzar.

Já no segundo, marcado na etapa final, a desatenção é geral. David é um dos protagonistas. Começa com o posicionamento no meio e termina não pegando ninguém dentro da área antes de Serginho empurrar para a rede.

Impressionava também como o Maringá tinha espaço para tentar chutes de fora da área. Erick Varão e Serginho se fartavam de oportunidades com extrema liberdade, mais um fator que escancara a letargia com a qual o Flamengo enfrentava o Maringá.

Do início ao fim o Flamengo não passou nem perto de flertar com a vitória. Com semblantes de abatimento, mostram-se incapazes de novo de reagir. Mário Jorge mexeu, botou os jovens Wesley, Matheus França e Matheus Gonçalves, mas só conseguiu luta por parte deles e alguma profundidade a mais. Nada de transformador.

Foto: GE RIO1flamengo, maringá — Foto: Fred Gomes

Transformação é o que esse time precisa em 2023. Ninguém duvida da capacidade técnica de muitos dos remanescentes das grandes conquistas, mas o poder de reação está em xeque, sim. O elenco ainda é de alto nível, embora apresente alguns desequilíbrios que não demonstrara em outros anos. Mas é ainda capaz de ser competitivo, dominador e vitorioso? Respostas precisam ser dada, independentemente do Jorge que estiver no banco de reservas. Seja o Mário, o Jesus ou o Sampaoli.

Se 2019 foi o ano dos sonhos, 2023 tem sido o dos pesadelos. Vexames têm sido abundantes, corriqueiros e repetitivos - com perdão pela redundância. Apatia, dificuldade para reagir e de criar soluções criativas para furar retrancas são características comuns a derrotas históricas que vêm se acumulando.

Foto: MSA ASSESSORIA1
MSA - ASSESSORIA

Os jogadores têm, sim, de voltar a se indignar com resultados e especialmente com uma atuação como a de quinta-feira. Os títulos recentes não dão carta branca para perder da forma que têm perdido.

Domingo é dia de mais uma estreia, a do Campeonato Brasileiro, e o Flamengo, antes candidatíssimo ao título, entra como uma incógnita. Os principais responsáveis por tirar essas dúvidas de cima do Rubro-Negro são, mais do que nunca, os atletas.