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ONG denuncia prisões e agressões contra ativistas LGBTQIA+ no Catar

As punições do país podem chegar até a sete anos de prisão para quem optar por se casar ou ter relações sexuais com pessoas do mesmo sexo.
Foto: Kai PfaffenbachEstádio Copa do Mundo
Estádio Copa do Mundo

A ONG Human Rights Watch (HRW) denunciou, nesta segunda-feira (24), através de um relatório, que a polícia do Catar prendeu e cometeu abusos contra pessoas da comunidade LGBTQIA+ antes da Copa do Mundo deste ano. A homossexualidade não é leganizada no país, que tem seu histórico com direitos humanos analisado antes da realização do torneio. As punições do país podem chegar até a sete anos de prisão para quem optar por se casar ou ter relações sexuais com pessoas do mesmo sexo.

No relatório, a HRW afirmou que registrou seis casos de agressões repetidas e cinco casos de assédio sexual em custódia policial entre 2019 e 2022, sendo o caso mais recente em setembro deste ano, conforme afirmou a sede da ONG nos Estados Unidos.

VÍTIMAS

Das vítimas agredidas, estão: quatro mulheres trans, uma mulher bissexual e um homem homossexual. Eles relataram como foram levados para uma prisão subterrânea em Doha por colaboradores do Departamento de Segurança Preventiva do Ministério Interior. “Uma mulher disse que perdeu a consciência. Os agentes de segurança também infligiram abuso verbal, conseguiram confissões forçadas e negaram os detidos acesso a uma representação jurídica, a suas famílias e atendimento médico”, disse uma das vítimas.

O relatório da Human Rights Watch também afirma que uma mulher trans afirmou que foi mantida em uma cela subterrânea por dois meses e depois por seis semanas. “Eles me agrediram todos os dias e rasparam meu cabelo. Também me obrigaram a tirar a camisa e fotografaram meus seios”, relatou. Desde então, ela afirma que sofre de depressão e tem medo de sair em público.

Em todas as situações, as vítimas foram obrigadas a desbloquear seus dispositivos para entregar os contatos de outras pessoas que também fariam parte da comunidade LGBTQIA+, segundo o relatório. Nenhum dos detidos citados foram oficialmente acusados.

Ainda de acordo com o relatório, a HRW afirma que os seis detidos, com base em uma lei de 2002 que permite até seis meses de prisão sem acusações formais, que é a possibilidade de existir motivos plausíveis para se acreditar que esta pessoa cometeu um crime, foram defendidos por uma fonte do governo do Catar, que afirmou que as versões das vítimas são “categórica e inequivocamente falsas”.

COBRANÇAS

A ONG pediu o fim dos maus-tratos e das forças de segurança às pessoas LGBTQIA+ ao governo de Doha e a interrupção de programas governamentais que pretendem estimular a prática. Além disso, a HRW pediu à Fifa, que organiza a Copa do Mundo, que pressione o país a adotar leis de proteção à pessoas LGBTQIA+.

O comitê, no entanto, insistiu que todos os torcedores serão bem-vindos ao evento e garantiu que as bandeiras do arco-íris serão autorizadas nos estádios.