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Entenda como jogadores, Zubeldía e diretoria se juntaram para fazer o São Paulo

Após sequência de quatro jogos sem vitória, Tricolor volta a apresentar bom futebol e já soma três vitórias seguidas
Foto: TNTEntenda como jogadores, Zubeldía e diretoria se juntaram para fazer o São Paulo reagir
Entenda como jogadores, Zubeldía e diretoria se juntaram para fazer o São Paulo reagir

Após conquistar dois pontos em quatro partidas do Campeonato Brasileiro (os empates contra Internacional e Corinthians e as doídas derrotas para Cuiabá e Vasco), o São Paulo recuperou o bom futebol, venceu três partidas na sequência e se reaproximou da ponta da tabela do Brasileiro, dando sinais de que o período de turbulência foi passageiro. A reportagem da TNT Sports conversou com pessoas que vivem o dia a dia do clube para entender qual foi o papel de Zubeldía, das lideranças do grupo e dos dirigentes são-paulinos nesta rápida mudança de rota. Os relatos ouvidos são de sinergia total entre esses pilares, que confiam em briga por títulos novamente em 2024.

A reação começa na percepção de que a estratégia traçada para aqueles quatro jogos não deveria ser repetida. Os duelos contra Internacional, Corinthians, Cuiabá e Vasco foram realizados em um intervalo de apenas dez dias, maratona que fez Zubeldía demonstrar enorme preocupação com a parte física de seus atletas, por vezes privilegiando as atividades de recuperação física aos trabalhos de campo mais extensos com os atletas que vinham jogando. Entusiasta de equipes intensas, o argentino preocupou-se em manter o time com a maior energia possível e em evitar lesões. Para isso, também controlou a minutagem dos jogadores, sempre alterando peças na escalação.

Na derrota para o Cuiabá, por exemplo, Lucas e Luiz Gustavo começaram entre os reservas. Diante do Vasco, Welington deu lugar ao jovem Patryck entre os 11 titulares. Embora diga que sua preferência é pela manutenção da equipe, Zubeldía preferiu não arriscar. Luciano, Arboleda e Rodrigo Nestor chegaram a ficar fora da lista de convocados devido ao risco de sofrerem com lesões.

Entre os jogos contra Internacional e Vasco, a programação dos atletas com maior tempo em campo nas partidas vinha sendo quase totalmente focada na recuperação física, com dois dias de trabalhos regenerativos. Com isso, o treinador e sua comissão identificaram que a equipe passou a perder qualidades técnicas ao longo das partidas, o que só poderia ser resolvido com uma nova estratégia específica de treinos: Recuperando os jogadores devidamente, mas também realizando mais atividades no campo do CT visando as próximas partidas.

Na coletiva após a derrota para o Vasco, Zubeldía deu sinais de que buscaria uma nova estratégia. Ele teria quatro dias para descanso e preparação até o jogo contra o Criciúma, que iniciou uma nova maratona de quatro jogos em dez dias. Além da equipe catarinense, a série teria duelos com Bahia, Athletico Paranaense e Red Bull Bragantino, e o Tricolor não estava disposto a repetir o desempenho e os resultados da maratona anterior.

Uma reunião do treinador com a diretoria do São Paulo após a goleada sofrida para o Vasco da Gama corroborou com a necessidade de traçar um novo plano.

A diretoria de futebol e Zubeldía têm a rotina de se reunirem toda segunda-feira para discussão do trabalho. Normalmente, participam dessas conversas o diretor de futebol Carlos Belmonte, o coordenador Muricy Ramalho, o executivo Rui Costa e o adjunto Nelson Ferreira, além dos representantes da comissão.

Nos Estados Unidos com a seleção brasileira para a disputa da Copa América, o presidente Julio Casares se faz presente com ligações e contato frequente com seus pares no dia a dia do CT da Barra Funda.

Na conversa após o jogo em São Januário, os dirigentes levantaram alguns pontos sobre o calendário do futebol brasileiro. Disseram ao argentino que, apesar do calendário já estar pesado neste momento da temporada, apenas com o Campeonato Brasileiro, a tendência é de uma piora após o retorno das Copas, em agosto. O São Paulo enfrenta Flamengo e Palmeiras em datas que próximas às decisões pela Copa Libertadores, por exemplo. E, por isso, era importante usar força máxima e esticar a corda enquanto o calendário fornece o privilégio do time ter apenas jogos pela competição nacional, sendo uma boa oportunidade para ganhar gordura em pontos na tabela de classificação.

Os atletas do São Paulo também se juntaram após a goleada afim de, juntos, fazerem a auto-crítica de que a postura precisava mudar para a nova sequência. O que o time apresentou anteriormente já não era visto como algo suficiente para disputar coisas grandes, concluindo, assim, que a equipe precisava jogar no limite em todas as partidas. Calleri, Lucas Moura, Luiz Gustavo, Luciano e Rafinha foram os principais os porta-vozes nas conversas em busca de uma mudança de postura. Os jogadores entenderam que era necessário atuar como um time com identidade, e não apenas se baseando numa sequência de invencibilidade sem atuações convincentes.

Na programação de atividades para esta nova sequência, Zubeldía e sua comissão encaixaram mais atividades táticas, ora de 11 contra 11, ora para posicionar os titulares escolhidos para o jogo sem adversário, com desgaste físico reduzido. Na prática, apenas o dia seguinte ao jogo passou a ser totalmente focado em recuperação. Além disso, Zubeldía passou a fazer menos rodízio no elenco, dando mais minutos para o time considerado titular. Nas vitórias contra Criciúma, Bahia e Athletico, a equipe foi praticamente sempre a mesma. A única alteração foi a saída de Luciano, suspenso contra o Furacão, para a entrada de Wellington Rato.

Internamente, o clube entende que o elenco são-paulino é forte e numeroso e, caso o time venha a perder algum atleta, existem peças para substituição imediata.

Além disso, o caso de Jandrei exemplifica como os resultados negativos não foram frutos de crise interna. A diretoria, sempre que questionada sobre o goleiro, demonstra a confiança que tem no mesmo. O técnico também sempre saiu em defesa do goleiro, apostando em sua experiência para bancar a titularidade de Jandrei. O elenco, por sua vez, protegeu o atleta. Alan Franco pediu diretamente para que a torcida não protestasse contra o goleiro após falha na partida contra o Criciúma. Neste jogo, os atletas foram até o jogador após o apito final para protegê-lo de vaias. O mesmo aconteceu contra o Bahia.

Agora, o São Paulo tem seu último jogo da segunda maratona de quatro partidas em dez dias. A equipe recebe o Red Bull Bragantino no próximo sábado (06), às 20h, no Morumbis. Nos três jogos anteriores, a equipe conquistou nove pontos e voltou a figurar no G4 da tabela de classificação do Brasileirão. Depois, o próximo jogo do time do Morumbis acontece apenas no dia 11 de julho, contra o Atlético Mineiro, na Arena MRV.