Fabiana Pereira começou a frequentar estádios de futebol muito cedo. Aos seis anos de idade, seu pai já a levava para assistir jogos do Portuguesa. Desde então, praticou natação, capoeira, handebol, basquete e futsal. Essa relação com o esporte, virou algo profissional, pois Fabiana formou-se em Educação Física.
Inicialmente professora de natação com foco em bebês e crianças, desde 2019 ela atua com o futsal infantil. Atualmente, Fabiana é treinadora da Liga Sancaetanense de futsal, na categoria sub-07. Ela explica que ao assumir esse desafio, no começo deste ano, precisou avaliar o time e selecionar os novos atletas. Para isso, ela precisou detectar as necessidades individuais de cada um. “Montei meu planejamento visando a melhora dessas dificuldades e inserindo minha visão de jogo”, afirma.
A partir dessa experiência, a profissional enxergou que muitos atletas precisavam fazer aulas de fundamentos e condicionamento físico. Ela ressalta que os atletas estão vindo de dois anos parados após a pandemia, o que influencia na atuação. Pensando nisso, aliado a um desejo dos pais, Fabiana desenvolveu o F13, um trabalho individualizado, no qual busca entender as melhores estratégias para melhorar a performance física daqueles atletas.
Sobre o trabalho com crianças, Fabiana destaca que é preciso, sobretudo, entender que elas são atletas de alto rendimento, mas não são adultos. Ela explica que o futsal não deve ser apenas uma formação para o atleta, mas também humana. “Precisamos ensiná-los a terem princípios e serem boas pessoas, tanto dentro, quanto fora de quadra”, reitera. A professora ressalta que é importante ensinar isso principalmente a partir de suas atitudes, sem xingamentos, com respeito às regras, aos adversários e às crianças.
Além do trabalho árduo, o preconceito ainda é presente. Muitas vezes, por ser mulher, sua capacidade é colocada em dúvida por alguns pais, baseados em discursos como “eu entendo de futebol e eu sei o que estou falando”. Em contrapartida, ela reconhece também que a paciência e a atenção são primordiais para lidar com crianças, fazendo com que os responsáveis reconheçam sua importância na preparação de seus filhos. “Já ouvi comentários de mães dizendo que ficam tranquilas quando estou em quadra, que trato eles com carinho, isso é muito importante”, celebra.
Apesar dessas questões, Fabiana vê que o resultado vale a pena. Para ela, ver a evolução dos atletas lhe motiva, pois percebe que é fruto de seu trabalho. “São muitas noites sem dormir vendo vídeos dos adversários que vamos enfrentar, dos nossos jogos para saber onde melhorar, pesquisando exercícios. É muito gratificante”, afirma. Ela ressalta ainda que enquanto profissional da educação física, é preciso compreender que o desenvolvimento dos atletas é a longo prazo, não imediato. “Cada criança possui um ritmo, mas esse processo de iniciação é fundamental para um bom trabalho de base e profissional no futuro”, garante Fabiana.