Em termos de tabela do Grupo A da Libertadores, o empate por 1 a 1 com oRacing, em Avellaneda, passou longe de uma tragédia. As circunstâncias, porém, enchem de frustração o torcedor do Flamengo. Jogou 50 minutos com um homem a mais, criou pouquíssimo nesse período e não soube controlar o 1 a 0 que encaminharia bem a classificação na chave.Em termos de tabela do Grupo A da Libertadores, o empate por 1 a 1 com o Racing, em Avellaneda, passou longe de uma tragédia. As circunstâncias, porém, enchem de frustração o torcedor do Flamengo. Jogou 50 minutos com um homem a mais, criou pouquíssimo nesse período e não soube controlar o 1 a 0 que encaminharia bem a classificação na chave.
A responsabilidade pelos erros, mais uma vez, tem de ser dividida. Os jogadores pecaram muito individualmente e também não conseguiram sobressair no aspecto coletivo. O técnico Jorge Sampaoli escolheu mal as peças e demorou a mexer.
Não, a crítica não é por seguir com Wesley até o fim. Só havia um lateral-direito na delegação. Seria possível improvisar Fabrício Bruno e colocar Pablo ou Cleiton? Sim, mas a sequência do jovem, que acabou expulso quando o jogo parecia controlado, era compreensível. A diretoria resolveu apostar em Varela, que está machucado e ainda não deu retorno técnico. Matheuzinho, outra opção para o setor, segue recuperação de fratura na fíbula.
Meio povoado, time engessado
Com a dupla de volantes Erick Pulgar e Thiago Maia mais os meias Vidal e Everton Ribeiro, abertos pela esquerda e direita respectivamente, o Flamengo controlou a posse e pouco sofreu durante os 90 minutos. O problema é que o time esbarrava num ritmo mais cadenciado no setor de criação e pouco tinha profundidade pelas pontas, já que Wesley e Ayrton Lucas se revezavam em relação às subidas.
Quem apareceu bem foi Erick, jogador que trabalhou com Sampaoli na seleção chilena. Com passes verticais, ajudou o time a quebrar linhas e deixou Gabigol livre duas vezes. Numa delas, o camisa 10 marcou belo gol, mas isso é papo para depois. As principais ações ofensivas nasceram de seus pés.
Apesar da boa surpresa com o chileno, a verdade é que o Flamengo não fez um bom primeiro tempo. O domínio territorial, o gol nos acréscimos, e a timidez de um esfacelado Racing com sete desfalques atenuaram a etapa discreta.
Dedo de Sampaoli
O bonito gol de Gabriel Barbosa precisa ser destacado. Numa jogada ensaiada por Sampaoli e sua comissão, Pulgar observou o camisa 10 escapando da marcação e abdicou da posição de cruzamento para fazer um passe rasteiro. Gabigol não perdoou e abriu o placar nos acréscimos. O jogo estava à feição de um Flamengo que tinha um homem a mais desde os 25 minutos do primeiro tempo, quando Hauche cometeu duas faltas duras num espaço de um minuto e acabou expulso.
Volta do intervalo mostra Flamengo infrutífero
O Racing parecia nas cordas. Com a desvantagem numérica e um time cabisbaixo, a arquibancada do Cilindro sentiu o golpe e arrefeceu o caldeirão que fizera no início do jogo. O problema é que jogadores e Sampaoli não aproveitaram o momento.
Vidal, que fizera um primeiro tempo abaixo, ficou 65 minutos em campo. Arrascaeta, recuperado de lesão no adutor, o substituiu. A outra mexida aos 20 do segundo tempo foi Bruno Henrique no lugar de Pedro.
Apostar em dois jogadores sem ritmo foi ousadia demais. Bruno, como disse Sampaoli em coletiva, precisa jogar, mas não em partidas indefinidas. Por que o argentino não apostou em jovens como Matheus França, Matheus Gonçalves ou Victor Hugo? Importantíssimo em grandes conquistas, como também pontuou o treinador, BH não fez diferença.
Resultado: o Flamengo, que desde a volta do intervalo só havia dado um chute - com Ayrton Lucas, aos 16 minutos -, seguia estéril. Até Wesley errar domínio simples aos 25 minutos do segundo tempo e cometer a falta que resultou na expulsão e no gol do Racing. Uma punição justa a um time que não soube ser objetivo com vantagem no placar e no número de atletas.
No fim, a sorte ainda flertou com o Flamengo em outro suspiro de futebol interessante numa outra boa jogada ensaiada na bola parada. Aos 45 do segundo tempo, Arrascaeta bateu escanteio, Léo Pereira confundiu a marcação com desvio no primeiro pau, Gabigol não aproveitou, e Thiago Maia carimbou o travessão.
O ensaio foi bonito novamente, como no gol de Gabigol, mas uma eventual vitória conquistada nos acréscimos não seria fiel ao roteiro do jogo. É necessário maior efetividade do Flamengo e também ousadia para apostar em bons valores da base.